Bem ou mal é irrepetível. Perfeitamente injusta para as vezes que
se seguem do acontecimento em questão.
Felizmente a
vida está recheada de primeiras vezes. Umas correm bem e passam a memórias
marcantes, agrnetadáveis, enquanto outras correm mal e serão sempre marcantes e
desagradáveis.
A minha primeira
vez de um encontro sexual na net tem o seu quê de excepcional. Correu mal mas
passou a memória marcante e agradável.
Correu mal porque não houve sexo e
marcante e agradável porque foi recheada de ensinamentos sobre a sexualidade
humana, ou antes, sobre a sua desingenuidade.
Era eu um caloiro
nos chats e durante um final de tarde, apareceu um nick, tucha, ou como lhe chamarei aqui, Tucha.
Não me lembro dos
detalhes dos inicios da conversa, nem sequer dos seus meandros, uma vez que
estava possuido da certeza de que estava a falar com um paneleiro a fazer-se de
gaja ou, nas melhor das hipóteses, com uma gaja perfeitamente horripilante
fazendo-se passar por jeitosa.
Era o que eu ouvia dizer que era o que acontecia nos chats.
Talvez por causa
do meu cétpticismo a conversa fluiu, sem nervosismos e com bastante humor. E
para provar a minha opinião, pressionei o outro lado a um café.
Quando? perguntou
Tucha.
Que tal amanhã?
retorqui eu mantendo a pressão
Diz onde te dá
mais jeito.
Que tal no CCB?
Perfeito, às 5 da
tarde? Atenção, estamos a falar só dum café, certo?
Claro, seria
estranho convidar-te para te saltar para a cueca, não?
Não, mas o
que costuma acontecer é depois tu tornares-te desagradável insistindo para
irmos para algum lado...
E se eu prometer
que não farei tal sugestão?
Então está
combinado!
Pois deve estar,
pensei e u... deves aparecer, deves... certo como a minha pila crescer mais 5
polegadas entre hoje e amanhã...
No entanto, houve
uma frase que me deixou intrigado... "costuma acontecer". Se costuma, não
seria a primeira vez... será que ela iria de facto aparecer? Não custava nada
tentar.
O pior que podia acontecer era levar uma seca de meia-hora à entrada do
CCB... so why not?
No dia seguinte
lá estava eu. Ás 17.00 em ponto. Ora bem, pensei eu, vou comprar um jornal, uma
revista para me precaver?
M?
Hã? resposta
instintiva a quem me chama pelo nome no meio de gente estranha?
Atrás de mim
estava uma rapariga linda. Cabelos castanhos, olhos castanhos, sorriso
contagiante. Foda-se, pensei, não, não está a acontecer...
Tucha?
Sim...
Somos ambos
pontuais... eu sabia lá o que era para dizer!!! Á espera entre ninguém e um
camafeu e perante mim uma gaja de se lhe tirar o chapeu!
Fomos para o
café... e conversámos, e conversámos... a conversa fluiu como no chat. Sobre o
que não me lembro, mas lembro-me que olhei para o relógio e eram as 19,00!
Queres jantar
comigo?
Já sabia! Não
resistias! Já me estás a tentar engatar!
Não, não... a
sério que não. Estou apenas a prolongar o encontro. Prometi que não te faria
nenhuma proposta indecente e não farei!
Prometes mesmo?
Rapariga, sou
homem de palavra. És boa como o milho, e tenho de fazer um esforço para manter
os olhos acima dos teus queixos, mas o que está prometido, prometido está.
Então está bem.
O jantar decorreu
como a conversa no café do CCB. Fluiu deliciosamente.
Bem, só me resta
levar-te a casa, onde moras?
Na Amadora, mas
deixa que eu apanho transportes.
Nada disso...
Levas-me mesmo a
casa?
O prometido é o
prometido.
Então está bem...
No caminho,
lembro-me perfeitamente da conversa. Andou à volta da perca da virgindade duma
amiga dela, e como ela tinha topado ainda a amiga estava a recompor-se das
dores prazerosas acabadas de sofrer... e das suas mamas... e do como passou a gostar tanto de sexo que era com qualquer um... e porque todos gostamos de sexo, não é?
Lembro-me muito bem da
conversa porque os tomates começavam a fervilhar, e eu tive que reunir todas as
forças para não quebrar o prometido...
Enfim, chegámos a
casa dela. Lembro-me de olhar para aquele cu delicioso a afastar-se e depois
ainda virado para mim e o resto dela torneado numacenar de adeus antes de enrar
porta adentro.
Fui para casa.
Estava literalmente com os colhões a doer. Foda-se que bela foda ela deve ser,
caralho.
Quando cheguei
fui para o PC. Entrei no chat. A Tucha estava lá.
Então, gostaste?
Muito, e tu?
Também... só
tenho pena é duma coisa...
De?
Gostaria que
estivesses neste momento nos meus braços... estar neste momento dentro de ti a
dar-te uma valente foda...
Só não está pq
não queres...
O quê?!? Porque
não quero?!?
Sim... só não estás
comigo neste momento porque não quiseste... eu bem me esforcei!
Então não estava
prometido?
E então?
Bati tanta vez
com a cabeça na parede, mentalmente... Agora já só era o neurónio
espermatosoidal em controlo e com sinais incontroláveis de desespero...
E amanhã? Amanhã
podemos encontramo-nos, não? E aproveitamos e vamos directo ao assunto...
Amanhã não pode
ser... tenho que fazer, mas depois de amanhã, na boa.
Está combinado!
No dia seguinte apareceu
tarde no chat. Próximo da meia-noite.
Olá! Estou contar
as horas até amanhã!
Olá! Entrei para
ver se te apanhava... queria falar contigo.
Então?
Não vai
acontecer, desculpa...
Então? ...que foi
escrito como se tivesse sido um então?!?!?!
Estive esta tarde
com o homem da minha vida.
Desculpa?
Hoje não fui ter
contigo porque tinha um encontro marcado com outro rapaz daqui do chat. As
coisas correram maravilhosamente e eu prometi-lhe que era apenas com ele que
estaria a partir de agora...
Nem sei bem o que
dizer...
Pois, acredito.
Desculpa, a sério... não estava mesmo previsto. Eu também ontem nunca pensei
ter vontade de ir para a cama contigo e aconteceu ter... e hoje foi a mesma
coisa.
Desculpa?
Também não pensei
que ía acontecer, e hoje aconteceu mesmo... e ainda bem que sim.
Sinceramente não
me recordo do resto da conversa, se é que houve mais conversa. Não costumo ser
deselegante e a rapariga teve o cuidado de se despedir pelo que imagino que
sim, que houve conversa.
Ai que dor!!
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