sábado, 18 de maio de 2013

Quebrarias uma promessa?



A primeira vez marca sempre. 

Bem ou mal é irrepetível. Perfeitamente injusta para as vezes que se seguem do acontecimento em questão.

Felizmente a vida está recheada de primeiras vezes. Umas correm bem e passam a memórias marcantes, agrnetadáveis, enquanto outras correm mal e serão sempre marcantes e desagradáveis.

A minha primeira vez de um encontro sexual na net tem o seu quê de excepcional. Correu mal mas passou a memória marcante e agradável. 

Correu mal porque não houve sexo e marcante e agradável porque foi recheada de ensinamentos sobre a sexualidade humana, ou antes, sobre a sua desingenuidade.

Era eu um caloiro nos chats e durante um final de tarde, apareceu um nick, tucha, ou como lhe chamarei aqui, Tucha.

Não me lembro dos detalhes dos inicios da conversa, nem sequer dos seus meandros, uma vez que estava possuido da certeza de que estava a falar com um paneleiro a fazer-se de gaja ou, nas melhor das hipóteses, com uma gaja perfeitamente horripilante fazendo-se passar por jeitosa.

Era o que eu ouvia dizer que era o que acontecia nos chats.

Talvez por causa do meu cétpticismo a conversa fluiu, sem nervosismos e com bastante humor. E para provar a minha opinião, pressionei o outro lado a um café.
Quando? perguntou Tucha.
Que tal amanhã? retorqui eu mantendo a pressão
Diz onde te dá mais jeito.
Que tal no CCB?
Perfeito, às 5 da tarde? Atenção, estamos a falar só dum café, certo?
Claro, seria estranho convidar-te para te saltar para a cueca, não?

Não, mas o  que costuma acontecer é depois tu tornares-te desagradável insistindo para irmos para algum lado...

E se eu prometer que não farei tal sugestão?

Então está combinado!

Pois deve estar, pensei e u... deves aparecer, deves... certo como a minha pila crescer mais 5 polegadas entre hoje e amanhã...

No entanto, houve uma frase que me deixou intrigado... "costuma acontecer". Se costuma, não seria a primeira vez... será que ela iria de facto aparecer? Não custava nada tentar. 

O pior que podia acontecer era levar uma seca de meia-hora à entrada do CCB... so why not?

No dia seguinte lá estava eu. Ás 17.00 em ponto. Ora bem, pensei eu, vou comprar um jornal, uma revista para me precaver?
M?

Hã? resposta instintiva a quem me chama pelo nome no meio de gente estranha?

Atrás de mim estava uma rapariga linda. Cabelos castanhos, olhos castanhos, sorriso contagiante. Foda-se, pensei, não, não está a acontecer...
Tucha?

Sim...
Somos ambos pontuais... eu sabia lá o que era para dizer!!! Á espera entre ninguém e um camafeu e perante mim uma gaja de se lhe tirar o chapeu!

Fomos para o café... e conversámos, e conversámos... a conversa fluiu como no chat. Sobre o que não me lembro, mas lembro-me que olhei para o relógio e eram as 19,00!
Queres jantar comigo?

Já sabia! Não resistias! Já me estás a tentar engatar!

Não, não... a sério que não. Estou apenas a prolongar o encontro. Prometi que não te faria nenhuma proposta indecente e não farei!

Prometes mesmo?

Rapariga, sou homem de palavra. És boa como o milho, e tenho de fazer um esforço para manter os olhos acima dos teus queixos, mas o que está prometido, prometido está.

Então está bem.

O jantar decorreu como a conversa no café do CCB. Fluiu deliciosamente.
Bem, só me resta levar-te a casa, onde moras?

Na Amadora, mas deixa que eu apanho transportes.

Nada disso...

Levas-me mesmo a casa?

O prometido é o prometido.

Então está bem...

No caminho, lembro-me perfeitamente da conversa. Andou à volta da perca da virgindade duma amiga dela, e como ela tinha topado ainda a amiga estava a recompor-se das dores prazerosas acabadas de sofrer... e das suas mamas... e do como passou a gostar tanto de sexo que era com qualquer um... e porque todos gostamos de sexo, não é?

Lembro-me muito bem da conversa porque os tomates começavam a fervilhar, e eu tive que reunir todas as forças para não quebrar o prometido...

Enfim, chegámos a casa dela. Lembro-me de olhar para aquele cu delicioso a afastar-se e depois ainda virado para mim e o resto dela torneado numacenar de adeus antes de enrar porta adentro.

Fui para casa. Estava literalmente com os colhões a doer. Foda-se que bela foda ela deve ser, caralho.

Quando cheguei fui para o PC. Entrei no chat. A Tucha estava lá.
Então, gostaste?

Muito, e tu?

Também... só tenho pena é duma coisa...

De?

Gostaria que estivesses neste momento nos meus braços... estar neste momento dentro de ti a dar-te uma valente foda...

Só não está pq não queres...

O quê?!? Porque não quero?!?

Sim... só não estás comigo neste momento porque não quiseste... eu bem me esforcei!

Então não estava prometido?

E então?

Bati tanta vez com a cabeça na parede, mentalmente... Agora já só era o neurónio espermatosoidal em controlo e com sinais incontroláveis de desespero...
E amanhã? Amanhã podemos encontramo-nos, não? E aproveitamos e vamos directo ao assunto...

Amanhã não pode ser... tenho que fazer, mas depois de amanhã, na boa.

Está combinado!

No dia seguinte apareceu tarde no chat. Próximo da meia-noite.
Olá! Estou contar as horas até amanhã!

Olá! Entrei para ver se te apanhava... queria falar contigo.

Então?

Não vai acontecer, desculpa...

Então? ...que foi escrito como se tivesse sido um então?!?!?!
Estive esta tarde com o homem da minha vida.

Desculpa?

Hoje não fui ter contigo porque tinha um encontro marcado com outro rapaz daqui do chat. As coisas correram maravilhosamente e eu prometi-lhe que era apenas com ele que estaria a partir de agora...

Nem sei bem o que dizer...

Pois, acredito. Desculpa, a sério... não estava mesmo previsto. Eu também ontem nunca pensei ter vontade de ir para a cama contigo e aconteceu ter... e hoje foi a mesma coisa.

Desculpa?

Também não pensei que ía acontecer, e hoje aconteceu mesmo... e ainda bem que sim.

Sinceramente não me recordo do resto da conversa, se é que houve mais conversa. Não costumo ser deselegante e a rapariga teve o cuidado de se despedir pelo que imagino que sim, que houve conversa.

Ai que dor!!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Para contactar directamente o autor, para pedidos, sugestões ou outras:
fdsalentejo@gmail.com