Quem me dera ser
perverso, tarado, safado
Mostrar-me,
ousar-me, provocar a indecentemente a decência
Sentir no teu
olhar o poder gozar o gozo sem ser julgado
Pois condenado
pelo mesmo crime outra vez é inclemência
Estar perante ti mais
que nú, estar transparente
Não ter medo que
tenhas medo de me olhar amanhã
Somos gente e
como gente que somos, de repente
A boca que me
toca foi a que me lambeu e trincou a maçã
Foda-se para a
loucura que me consome
Não quero vender
nem comprar e nem convencer-me a tal
Apenas quero o que
quero sem ter de perceber que fome
Me faz agora sentir-me
bem, e daqui a pouco, mal
Descansa,
Se pensares que sou
perverso, tarado, safado
Deixarei de ser
quem recua e não avança
Serei um desejo concretizado