terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Minha


Apetece-me ser tua. Quero ser tua.
Hoje?
Sim, pode ser.
Estou numa reunião. Apanho-te no parque do shopping daqui a hora e meia?
Ok. Bjo.
Até já.

 
A vantagem das máquinas oleadas é que tudo encaixa, tudo flui e tudo se alinhava sem dificuldade ou esforço.
Sem dar por mim, ou dando, estávamos onde já tivemos diversas vezes na esperança de diversas vezes fazermos o que já fizéramos… diversas vezes.
Rotina de algo que nunca foi, é ou será rotineiro.
Cheguei-me a ti. Puxei-te para mim, sorrindo em antecipação. Baixei a cabeça para te beijar o pescoço, uma mão no teu queixo. Interrompeste.
Não, hoje não quero brincadeiras. Hoje quero ser tua.
Hã?
Quero ser tua, pura e simplesmente. Quero que me tomes. É o que me apetece. Vai, despe-te, despacha-te.

 
Meio pedido despi-me e vi-te despir. Um despir apressado, descuidado. Até o baixar das cuecas, esse momento quase sacrossanto, tu despachaste com deslizar rápido atirando-as para o chão.
Deitaste-te. Completamente nua sem que te importasses estares nua e abriste as pernas como quem nem se apercebe que se está a expor a olhos que te desejam.
Iá caíndo por entre braços e pernas, camisas e cuecas de tão rápido me querer despir. Que quadro, eu, de pé, hirto de corpo e de pau, este apontado para ti, deitada, pernas abertas, braços estendidos.
Vem. Chega-te aqui.
 
E eu dois passos e depois na cama de joelhos como um rei mago seguindo a estrela, neste caso a ponta do caralho.
Vem.
 
Os teus braços uniram-se entre as tuas pernas… e entre as minhas enquanto em ti me deitava. Agarraste-me no pau. Eu apoiado num braço cabeça encostada à tua dobrada para a frente, enquanto ambos assistíamos ao que lá em baixo se passava.
Tu agarrada a mim, apontando-me para dentro de ti. Encosta-te a cabeça junto à tua entrada.
Vai, mete…
 
E eu meti.
Sim… assim.. mete.
 
E eu fui metendo.
Isso… isso… vai…
 
Até estar todo enterrado. Corpo imóvel sobre o teu enquanto tu me enredavas entre as tuas pernas.
E onde antes sentia uns dentes mordiscar a orelha, sentia agora uns lábios molhados. Onde antes sentia as tuas unhas, sentia agora a firmeza dos teus dedos puxando-me para ti.
De onde antes ouvira deliciosos e tesudos impropérios ouvia
Sim… isso… isso.. é isso mesmo…
 
Levar um homem para o campo dos sentimentalismos, é como metê-lo num patanal de areias movediças no meio da Amazónia. Sente-se perdido e com medo.
A vantagem desse medo é que se agarra ao desconhecido como se não houvesse amanhã. E eu agarrei-me. A ti. Ao teu corpo. Á tua tesão.
Hmmm… vai… vai…
 
Parecia que com cada penetração te fazia soltar um som.
Sentia-me um espectador. Parecia ter o corpo dividido na cintura. Abaixo, um pau que se tornara autónomo, livre de vontade, nas suas brincadeiras por ti adentro e tu hospedeira ansiosa acolhia-lo abraçando-o , abafando-o, sufocando-o no teu corpo.
E a única forma de o abraçar como deve ser foi deixá-lo entrar em ti até que os teus lábios se fechavam sobre ele na base.
Ai… que bem que sabe…
 
Cona e caralho já não o eram, ou antes não o eram apenas, mas mulher e homem em foda sublime.
Tão sublime que cintura acima eu estava silencioso. Não querendo perturbar o que se passava por aquelas bandas. Como se me mexesse desconcentraria o caralho que pararia de foder só para ver quem era o mirone.
Agarrado a ti, com medo de sei lá o quê, de não estar à altura da festa para o qual fora convidado, fodia. Fodia em cada centímetro percorrido como se me arrastasse um quilómetro.
Por ti dentro, firmemente, suavemente.
Não sei se foi a minha respiração que me traiu, mas quando senti que o êxtase, que estivera a borbulhar, iria fazer saltar a tampa, senti tuas pernas, teus braços a tentar o impossível, juntar ainda mais o meu corpo ao teu.
Vai... vai… faz-me tua… vai
Hmmmm não aguento mais…
Deixa-te ir…vem… vem… quero-te sentir…

 
E sentiste-me. Só tu sentiste-me. Para o mundo estávamos imóveis. Só nós dois sentimos que dentro do imóvel tanta coisa move, estrebucha, salta e pula.
Da boca apenas um misto dum murmúrio animalesco com a libertação do ar encurralado no peito.
Ai… isso… vem… vem-te… vem-te… deita tudo… vai…
 
E eu a deitar, involuntariamente, intensamente, completamente decontrolado.
Isso… que bom… nem imaginas o quanto bem sabe.
 
E no estertor do combate, exausto, lá estava de novo perdido, procurando na cabeça palavras de gratidão sem as conseguir encontrar.
Não o tires. Deixa-te estar.

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